quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A REDENÇÃO DE NARCISA MALFOY

Quando a poeira baixou, os Aurores começaram a arrebanhar os Comensais da Morte que tentavam fugir, cansados demais para duelar. Mason correu até os seus discípulos de Ninjutsu, encontrando-os sentados no chão, extenuados devido à enorme quantidade de energia despendida na formação do Olho de Shiva.

_Amanda! Diego! Vocês estão vivos, que bom! Harry, você acabou com ele, não foi?

_Não, Mestre Mason. O demônio conseguiu desaparatar, uma fração de segundo antes que o Olho de Shiva o atingisse. E, aliás, não o conjurei sozinho. Todos nós o fizemos, caso contrário ele não seria tão forte. _ disse Harry, sentado no chão _ Mestre. Mason, senti a minha Terceira Visão ser despertada e acho que o Di e a Mandy também sentiram, não foi?

os dois concordaram com a cabeça, bastante cansados. O Olho de Shiva era uma realidade e havia sido usado por aqueles três valorosos jovens de coração puro.

_Vocês precisam repor as energias, depois do esforço que fizeram. Isotonikós! _ Bradou Slughorn que se aproximava, três garrafas de isotônico foram conjuradas e materializaram-se à frente dos Bruxos-Ninjas, que começaram a beber _ Harry, vamos ver esse corte nas suas costas...Caracas, que profundo! E você não é o único. Todos estão precisando de assistência. Fawkes, venha cá um instante, por favor.

A bela ave aproximou-se e começou a derramar lágrimas sobre os fundos talhos nas costas e no braço de Harry. Depois que os ferimentos foram cicatrizados, sem deixar marcas, Fawkes curou os outros jovens Bruxos-Ninjas, um a um. Eles foram até o centro do salão, onde uns poucos Comensais da Morte, Lucius Malfoy entre eles, ainda teimavam em resistir, continuando a duelar e sendo derrotados pelos Aurores. Em menos de trinta minutos a batalha de Azkaban, para a qual os oito jovens haviam estabelecido a cabeça-de-ponte, estava terminada. A vitória pertencia às forças da Ordem da Fênix.

Os Comensais da Morte estavam sendo colocados em fila e imobilizados, um a um, para serem contados e levados de volta às celas. De um corredor lateral saiu Narcisa Malfoy, que havia sido reanimada do Feitiço Morpheus de Jana por outro Comensal da Morte mas que, por também ter inalado a fumaça de C-4 queimado, ficara tonta demais para retornar ao combate, tendo permanecido na sala onde Jana e Lucius a haviam deixado. Ainda estava meio desorientada.

Mason perguntou:

_Harry, como foi que você conseguiu invocar o Olho de Shiva e como foi que vocês conseguiram dar a esse feitiço perdido tamanha intensidade?

Olhando para Mason e para seus amigos, Harry Potter respondeu:

_Não sei bem ao certo, Mestre. Mason. Quando Voldemort pronunciou a primeira parte da Maldição Avada Kedavra eu acho que entrei em uma espécie de transe que durou menos de um segundo mas que, para mim, pareceu durar uma meia hora. Nesse transe, primeiro vocês todos pareciam estar paralisados e, depois, tudo sumiu e eu estava em um local fora do tempo e do espaço, dialogando com as divindades do Panteão Hindu. Brahma, Vishnu, Shiva, Sarasvati, Parvati, Kali, Durga, Gauri e Ganesh falavam comigo e me aconselhavam, principalmente Shiva, que não parou nem por um instante de executar a Dança Nataraja. Ele me mandou utilizar o mantra do Olho de Shiva, dizendo que o que o faria funcionar seriam a pureza do coração e a força do espírito.

_Mas ele não lhe ensinou o mantra?

_Na verdade, Mestre Mason, o mantra sempre esteve em minha mente, só que em um nível subconsciente, pois foi uma das coisas que Voldemort me passou quando tentou me matar pela primeira vez. Era uma lembrança do seu tempo de estudante, de quando ele havia lido o livro, antes de arrancar as páginas e depois roubá-lo de Hogwarts. O que Voldemort realmente queria era sacrificar Amanda para, com o seu sangue derramado sobre o livro, revelar a localização da quarta Pedra de Sankhara, assim encontrando quarto herdeio.

_E ele teria conseguido, se não fosse por um fato cujo conhecimento ele não tinha. _ disse Amanda, sorrindo e piscando para David, que abraçou a namorada.

_Incrível como todos os fatos convergiram dessa forma. O livro estava de posse da família da pessoa que poderia fazer com que ele revelasse seus segredos. Realmente, o acaso não existe. Seria uma predestinação?

Harry então falou:

_Acho que nem tudo é predestinado, Mestre Mason. Nos momentos realmente importantes é o nosso arbítrio que conta, para que tomemos as decisões que darão rumo aos fatos. Mas acredito na convergência dos fatos. Lilian poderia se aliar as Trevas ou fazê-lo em outro momento, mas então conheceu a verdadeira amizade e tomou sua decisão na hora certa. O aprendizado de Ninjutsu nos possibilitou estabelecer a cabeça-de-ponte que permitiu o ataque dos Aurores. Mas não teríamos conseguido se Lilian não fosse pára-quedista e não tivesse tido a idéia. A sua orientação, foi importantíssima para que fizéssemos a coisa da maneira certa. Jana Feubor, xereta como sempre, testemunhou todo o rapto do Diego e nos deu informações detalhadas. Mas o aviso de Firenze é que foi fundamental para que traçássem a nossa estratégia.

_Sem dúvida, Harry. _ disse David. Mas foi bastante arriscado fazer as coisas como fizemos.

_Era a única chance do plano dar resultado, David. Sem isso, a vitória de Voldemort seria certa. Não havia outro jeito senão Lily e eu trocarmos de lugar.

Enquanto conversavam os outros Aurores colocavam os bruxos da Trevas em fila e iam identificando cada um deles e manietando-o com um par de algemas que impedia sua desaparatação. Fred e Jorge juntaram-se a eles. Mais tarde, Lily chegou acompanhada po Dumbledore ao local.

Os amigos estavam conversando tranqüilos e recuperando-se do combate, bastante descontraídos. Entre os prisioneiros que aguardavam para serem algemados, encontravam-se Lucius e Narcisa Malfoy. Diego, Sophia E Llian saíram de onde estavam e aproximaram-se do casal. Narcisa tinha uma expressão de tristeza mal disfarçada, enquanto Lucius encontrava-se estranhamente calmo. Havia algo que ninguém sabia.

A varinha pertencente a Lily, ainda estava guardada dentro de suas vestes. Ele apenas aguardava que a oportunidade se apresentasse e ela logo surgiu, com a aproximação de Sophia, Lily e Diego.

Lucius Malfoy atingiu com uma cotovelada o auror que ia algemá-lo, Shacklebolt. O negro alto e careca caiu ao chão, sem ar, devido ao golpe no diafragma. O Comensal da Morte sacou a varinha de dentro das vestes e apontou-a para os garotos, dizendo:

_Eu prefiro que seja interrompida a linhagem Malfoy nesse exato instante do que vê-la conspurcada pela bondade dessa renegada da minha filha . AVADA KEDAVRA!!

_NÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!! _ ouviu-se um grito.

Os acontecimentos que se seguiram pareceram demorar uma eternidade, embora tivesse passado um intervalo menor do que três batidas de coração, no qual houveram os seguintes eventos:

Narcisa Malfoy gritando;

Narcisa Malfoy desaparatando do lado de Lucius;

Narcisa Malfoy aparatando a frente de Lily;

Narcisa Malfoy empurrando Lily para longe do raio de ação da Avada Kedavra de Lucius;

Narcisa Malfoy recebendo, em cheio, todo o impacto do raio verde da Maldição da Morte;

Narcisa Malfoy caindo ao solo;

Narcisa Malfoy estirada no chão, moribunda.

Vendo aquilo, Lucius gritou:

_Narcisa! _ e, logo em seguida, _ Mulher tola e fraca! Por que foi que ela fez isso? Sacrificar-se por aquela filha renegada?

Lily ouviu as palavras de seu pai e sacou sua varinha cristalizada, com os olhos faiscantes de fúria:

_Como pôde fazer isso, meu pai? Havia tempo para suspender a maldição antes que minha mãe fosse atingida. Como pôde matá-la e, o que é pior, não demonstrar o menor remorso? Não o chamo de animal para não ofendê-los, pois um animal não faria o que o senhor fez. A prisão é boa demais para o senhor, meu pai. Prepare-se para receber o que lhe cabe. Avada...

_Impedimenta! _ Ouviu-se a voz de Arion e Lilian foi lançada longe, com a Azaração de Impedimento _ Não, Lily, não faça isso! Ele não merece!

Lucius tentou aproveitar-se da situação e, novamente, apontou sua varinha para os dois, mas não pôde utilizá-la. Sophia foi mais rápida do que ele e disparou seus feitiços na direção do Comensal da Morte.

_Estupefaça! Incarcerous! _ Lucius foi estuporado e caiu ao solo, já todo amarrado, a varinha indo parar fora de seu alcance.

Arion correu para onde Lily estava caída, ainda meio atordoada pela Azaração de Impedimento, dizendo:

_Me desculpe, meu amor. Acontece que eu não podia deixar que você descesse ao nível dele.

_Eu sei, Arion. Obrigado por ter me impedido de fazer uma loucura, enquanto eu estava com a cabeça quente e cega de fúria.

Um gemido os interrompeu.

_Mãe!! _ os dois correram até onde Narcisa estava caída e ajoelharam-se, um de cada lado, amparando-a.

_Lilian, filha... não me resta muito tempo. A maldição de Lucius não teve... força suficiente para me matar... na hora, m-mas já sei que não vou escapar.

_Não, mãe! _ e, apontando a varinha para o próprio peito, começou a dizer: ?Vita...?, no que foi interrompido por Narcisa:

_Eu a proíbo, filha. Mesmo... o Beijo da Vida já... n-não pode me salvar. Só quero lhe pedir que... que me perdoe. M-me deixei seduzir... pelo caminho das Trevas, mas não p-poderia permitir que Lucius matasse... nossa própria filha. E... e quanto a você, Arion... Geoffrey, se Lily ama você... isso quer dizer que você é muito especial. Faça-a feliz,... sejam f-felizes, vocês... dois, com ... a minha... minha bênção. _ com um último esforço, Narcisa ergueu-se um pouco, beijou o rosto de Lilian e o de Arion. Em seguida sorriu, fechou os olhos e morreu, nos braços do casal.

Lilian olhou para o rosto de sua mãe, olhou para Arion e começou a chorar, até que este chamou sua atenção para algo:

_Veja, Lily! O antebraço de sua mãe!

No antebraço esquerdo de Narcisa Malfoy a hedionda Marca Negra foi começando a ficar menos escura e mais indefinida, clareando cada vez mais, até desaparecer completamente.

Lilian ainda chorava, mas era um choro no qual a tristeza mesclava-se ao alívio. Narcisa morrera em paz. O seu sacrifício de amor a havia redimido.

Os outros aproximaram-se do casal, que continuava a sustentar o corpo de Narcisa. Harry ajoelhou-se ao lado de Lilian.

_Sinto muito, Lily. Não imaginava que fosse terminar assim.

_Não terminou, Di. Ela morreu livre de qualquer vínculo com Voldemort. Veja só, já não há mais qualquer vestígio da Marca Negra. Devemos agora cuidar de dar à minha mãe um funeral digno. _ dizia a loira, enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto.

Lucius Malfoy já havia sido reanimado do estuporamento lançado por Arion e estava sendo algemado pelos Aurores. Lily e Arion aproximaram-se dele.

_Pagará pelo que fez, meu pai. Isto vai lhe render uma sentença de prisão perpétua aqui em Azkaban Na verdade eu me enganei. A morte seria uma libertação, algo rápido demais. O senhor merece uma vida inteira de remorso e arrependimento, encerrado neste buraco.

_Só me arrependo de não ter conseguido atingir você. O que será agora da linhagem dos Malfoy, maculada por uma REGENERADA?

_Tenho certeza, meu pai, de que ela irá melhorar bastante. Quase todos os Malfoy, desde a Idade Média, sempre foram obcecados pela idéia de pureza do sangue, sem que abrissem os olhos para a realidade. Não há diferenças entre nascidos bruxos e nascidos trouxas. Hermione é a prova disso. Certa vez Harry comentou comigo que Dumbledore havia dito a Fudge que o importante não era o que a pessoa era ao nascer, mas o que ela fazia da sua vida a partir daí. Eu concordo com ele. Não posso crer que, um dia, senti orgulho do senhor e pensei que o senhor poderia mudar. Hoje fico feliz de haver chegado à conclusão de que a única semelhança que possuímos é a aparência física e nada mais. Somos muito diferentes, meu pai. Eu aprendi a reconhecer o valor de uma pessoa pelos seus méritos pessoais e não pelas suas origens. Quero lhe dizer que assumi o compromisso de lutar o máximo possível pelo restabelecimento da antiga harmonia entre bruxos e trouxas. No fundo, não há diferenças entre nós e eles.

_E você, mestiço idiota que virou a cabeça da minha filha? Não tem nada a dizer?

_Lilian já disse quase tudo, Sr. Malfoy. E agora já sei que o senhor é, na verdade, um desequilibrado e um fanático. Aqui é, realmente, o seu lugar. Somente em Azkaban o senhor não será um perigo para bruxos, para trouxas ou para si mesmo. Não considere a minha união com Lilian como se fosse uma mácula na linhagem Malfoy, mas uma entrada dos Malfoy no mundo real, uma injeção não de sangue mestiço, mas de sangue novo. Um dia, Sr. Lucius Malfoy, a bruxidade irá mencionar o seu sobrenome não com receio, medo ou suspeita, mas com orgulho e respeito, sabendo que não mais pertencem à Ordem das Trevas. A própria Narcisa Malfoy já sentiu os efeitos, ao morrer.

_Como assim, Sr. Campbell?

_Ao dar a vida para salvar Lilian, ela se redimiu e a Marca Negra desapareceu do antebraço dela. Ela morreu em paz o que, acredito, não ocorrerá com o senhor. Da justiça dos homens o senhor até pode escapar, como já o tem feito por todos esses anos. Mas há uma justiça maior, da qual ninguém escapa. E é nessa Justiça, Sr. Malfoy, que o senhor encontrará o seu julgamento final neste ciclo, neste Samsara. Quem sabe o senhor retorna no próximo ciclo como uma boa pessoa e pode purgar o Karma do seu passado e, assim, evoluir? Mas uma coisa é certa, Sr. Malfoy. O fanatismo pela pureza do sangue é um caminho errado. Espero que o senhor ainda consiga enxergar a verdade antes do fim deste seu Samsara.

Abraçou Lilian e ambos afastaram-se, enquanto Lucius Malfoy era conduzido à sua cela, rubro de raiva com as verdades jogadas na sua cara por dois jovens de dezesseis e dezessete anos. Os dois sequer olharam para trás.

Juntaram-se aos amigos e continuaram a matear, enquanto aguardavam o momento do retorno para Hogwarts. Quando chegou a hora, acionaram a Chave de Portal e desapareceram de Azkaban, Diego sobraçando o livro ?Luzes da Trindade? e Harry levando consigo a ?Espírito do Artífice?, a espada de Godric Gryffindor com sua aparência original de Dai Katana.

Materializaram-se em Hogwarts, no gabinete de Dumbledore.

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